Agosto Dourado: amamentação demanda de cuidados com alimentação e medicamentos

Agosto tem sido o mês para reforçar a importância do aleitamento materno. Uma campanha nacional que tem sido trabalhada de maneira especial em Urussanga, neste mês de agosto. A Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Saúde, tem destacado o assunto, com temas semanais em suas redes sociais e mídias locais. Para encerrar o mês de conscientização, que contou também com palestra para as futuras mamães e lactantes,  a nutricionista Elisabete Schroeder Kucera e a coordenadora da assistência farmacêutica, Gabriella Peraro Cemin, trazem detalhes dos cuidados que as nutriz (mulheres que amamentam), devem tomar com a alimentação e o consumo de medicamentos, além dos efeitos que isso pode ter na saúde do bebê.

Alimentação da nutriz para a produção do leite

A alimentação no período de aleitamento materno, é um importante fator na produção de leite e nos tipos de nutrientes que o líquido produzido levará para o bebê. Como regra geral, as mulheres que amamentam não necessitam evitar determinados alimentos. Entretanto, se elas perceberem algum efeito na criança de algum componente de sua dieta, pode-se indicar a prova terapêutica. “A ação consiste em retirar o alimento da dieta por algum tempo e reintroduzi-lo, observando atentamente a reação da criança. Caso os sinais e sintomas da criança melhorem substancialmente com a retirada do alimento e piorem com a sua reintrodução, ele deve ser evitado”, explica a nutricionista Elisabete Schroeder Kucera.

A principal dica alimentar, segundo a profissional, é que a mulher dê preferência a comidas feitas em casa e pratos que incluam alimentos naturais como frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, carnes e ovos. “A alimentação da mãe durante a amamentação deve conter essencialmente alimentos in natura ou minimamente processados. Com composição nutricional desbalanceada, os alimentos processados ou ultraprocessados também tendem a ser muito pobres em fibras”, destaca.

A nutricionista afirma que é necessária uma ingestão de calorias e de líquidos além do habitual, durante o período de lactação. “A mulher costuma notar o aumento do apetite e da sede, e é comum também, algumas mudanças nas preferências alimentares. Acredita-se que um consumo extra de 500 calorias por dia seja o suficiente, pois a maioria das mulheres armazena, durante a gravidez, de 2kg a 4kg para serem usados na lactação”, informa a nutricionista.

Fazem parte das recomendações para uma alimentação adequada durante a lactação os seguintes itens:

  • Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes;
  • Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A; em geral, frutas e legumes amarelos e alaranjados e vegetais verde-escuros são ricos em carotenóides: manga, mamão, cajá, caju maduro, goiaba vermelha, abóbora/jerimum, moranga, cenoura, acelga, espinafre, chicória, couve, salsa entre outros. 
  • Certificar-se de que a sede está sendo saciada; as mulheres que amamentam devem ser encorajadas a ingerir líquidos em quantidades suficientes para saciar a sua sede (recomendado no mínimo 35 ml/kg de peso da nutriz).

O cuidado com a hidratação deve ser redobrado, já que a parte líquida do leite é produzida a partir da hidratação da mãe. “Com a demanda aumentada de água no organismo é possível sentir mais fome e sede e, por isso, a mulher que está amamentando pode ficar mais desidratada que o normal. É importante que a mulher que está amamentando beba ainda mais água. Uma boa dica é ter uma garrafa sempre por perto quando for amamentar”, ressalta Elisabete.

Outro ponto de alerta, são as dietas restritivas. A nutricionista conta que é necessário evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso, com perda de mais de 500g por semana. “O leite produzido ainda será de boa qualidade, mesmo com o consumo de dietas subótimas, mas é preciso pensar também , na saúde da mãe”, garante.

No caso da dieta vegetariana, o risco é de hipovitaminose B em crianças amamentadas por essas mães. A hipovitaminose acontece quando existe a falta de uma ou mais vitaminas no organismo. Isso ocorre, pois essa vitamina dificilmente é encontrada em vegetais e costuma ser obtida através de alimentos como carnes, ovos, leite e derivados, além de cereais, grãos e alguns  poucos vegetais.

O uso de medicamentos

É muito frequente o uso de medicamentos e outras substâncias por mulheres que estão amamentando. Mas a coordenadora da assistência farmacêutica, Gabriella Peraro Cemin, lembra que o leite materno que nutre o recém-nascido, também contém a maioria dos medicamentos ingeridos pela mãe, mas frequentemente, em concentrações menores. “A maioria dos medicamentos é compatível com a amamentação. Poucos são os fármacos formalmente contraindicados. Mas alguns requerem cautela ao serem prescritos durante a amamentação, devido aos riscos de efeitos adversos nos lactentes ou na lactação”, explica Gabriella.

A profissional alerta que alguns medicamentos ingeridos podem, inclusive, interferir no crescimento do recém-nascido, ou ocasionar efeitos colaterais como náusea, vômitos, sonolência, sucção ineficaz, e outros, prejudicando a amamentação. “Por isso é imprescindível o acompanhamento da mãe por um profissional qualificado quando for necessário o uso de algum medicamento”, lembra.

O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a mãe, para a criança e a sociedade em geral, que deve ser sempre incentivada e protegida, salvo em algumas situações excepcionais. “Assim, não se justifica, na maioria das vezes, a interrupção da amamentação quando a nutriz necessitar de algum tipo de tratamento farmacológico, impedindo desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos benefícios do aleitamento materno. A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos, geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção e com segurança”, finaliza a farmacêutica. 

Por Ana Paula Nesi – Assessora de Comunicação PMU