Imigração italiana e indicação geográfica “Vales da Uva Goethe” são tema de palestra, em Urussanga 

A história da imigração italiana e a importância da indicação geográfica conquistada por Urussanga, foram tema de palestra na noite desta terça-feira (18), em Urussanga. O evento marcou a abertura do projeto “Conhecer para Pertencer” que, em seu segundo ano, abordará os 145 anos da Imigração Italiana em Urussanga. Promovida pelo Governo Municipal, através da Secretaria de Educação, a iniciativa visa a valorização do patrimônio histórico-cultural do município. 

As palestras escolhidas para a abertura do projeto foram: “Urussanga, fruto de um fenômeno migratório” , ministrada pelo Arquiteto Urbanista, professor e pesquisador da História e Cultura italiana do Estado de Santa Catarina, Névton Vicente Rech Bortolotto; e “Indicação Geográfica Vales da Uva Goethe – importância para o território, cultura e saber fazer”, ministrada pelo Eng. Agrônomo, Mestre em Ciência de Alimentos (UFSC), especialidade em Indicações Geográficas, Rogério Ern.

Estiveram presentes professores municipais, coordenadores e diretores, produtores culturais de Urussanga e região e simpatizantes da cultura. O evento era gratuito e aberto para toda a população.

Urussanga, fruto de um fenômeno migratório

A primeira palestra da noite, foi marcada por uma verdadeira aula de história. Nevton Bortolotto, trouxe imagens e informações históricas dos principais momentos que antecederam a vinda dos imigrantes italianos para o Brasil, para a região e para Urussanga. Destacando de maneira breve os principais aspectos das memórias, cultura, gastronomia e festas típicas do município, além da importância de que toda a população conheça a história que construiu e formou o município.

“É extremamente importante que, não só as pessoas que estiveram aqui, mas que a comunidade inteira se preocupe com o resgate e a manutenção de sua identidade cultural, pois sem identidade as pessoas não conseguem saber quem são e para onde vão. Na identidade cultural de cada um, há valores muito grandes que não são só materiais, mas também valores imateriais, transmitidos de pai para filho e de geração em geração. Valores que mantém a unidade da família e da sociedade, que se compreende, entende e cresce em harmonia”, pontuou.

Ele explica que resgatar memórias, e manter vivo os principais traços da cultura, não significa desejar voltar no tempo. “Cada um deve viver no seu tempo, mas temos que pegar os exemplos de força, garra, trabalho, os valores atemporais que servem a qualquer momento. Temos que saber o que temos que tirar disso tudo. Valores que são imutáveis e valores que podem ser melhorados”, destacou.

O professor lembrou ainda que é importante que a população olhe para as gerações anteriores, e extraia delas o que há de melhor. “Certas coisas tem que se perpetuar sem muita maquiagem, outras não. A humanidade está em franca evolução, ela não pára nunca, e seria um absurdo querer parar agora e viver como viviam os avós, os antepassados. Eles tentaram, acertaram e erraram. Não faz sentido repetir o erro, seja na parte física quanto na imaterial, mas é importante levar adiante a melhor parte dessa história”, concluiu.

Indicação Geográfica Vales da Uva Goethe

Urussanga traz em sua história, a primeira Indicação de Procedência do Estado de Santa Catarina a obter o registro junto ao INPI, em 2012. O Vales da Uva Goethe é uma conquista memorável, e quem falou mais sobre ela foi o Engenheiro Agrônomo e Consultor do SEBRAE, Rogério Ern. Ele participou a partir do Sebrae, junto com os produtores da uva e do vinho, do processo de construção do dossiê de pedido de registro no ano de 2003.

“Desde então viemos acompanhando este processo de conquista, tanto do registro quanto do pertencimento, tema trazido nesta palestra. Porque é isso que vai transformar o próprio mercado da uva e do vinho. Lá atrás tínhamos três rótulos de Vinho Goethe e hoje temos inúmeros. Dentro de cada vinícola temos uma variedade de produtos da Uva Goethe. Então essa é a principal conquista. A gente fica feliz e muito satisfeito de ter participado desta história”, destacou.

Vale destacar que a uva Goethe, chegou a Urussanga no final do século XIX trazida pelo italiano Giuseppe Caruso Mac Donald. A uva se adaptou tão bem ao solo local que logo ganhou fama e tradição. 

Rogério lembra que no final do século XX, Urussanga ficou muito conhecida pela mineração e o carvão, e a uva e o vinho Goethe ficaram muitos anos sem destaque na história. “Esse processo de indicação geográfica ajuda a retomar essa identidade para o território e as pessoas que moram aqui e tudo que está relacionado a isso: a história, cultura, a arte, o saber, a gastronomia”, pontuou,

Projeto nas Escolas

O projeto “Conhecer para Pertencer – 145 anos da Imigração Italiana” será trabalhado durante o mês de maio, em todas as escolas do município, incluindo as unidades estaduais, particular e APAE, com o objetivo de promover situações de aprendizagem multidisciplinares que valorizem a identidade histórico-cultural de Urussanga.

“Com isso, os estudantes podem ampliar a percepção ítalo-cultural e preservar a memória e a história do nosso município. Quando a população conhece a cultura local, se torna mais fácil se sentir realmente pertencente à ela”, explica a secretária de educação, Janea Possamai. 

Por Ana Paula Nesi – Assessoria de Comunicação PMU